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“RELIGIÃO E VIOLÊNCIA”
Ano 6 - Nº 25
Agosto de 2011
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Artigos
 
“Violência e Cultura”
Por: Carlos Eduardo B. Calvani

Pistas para uma leitura teológica da cultura religiosa da violência

A violência em suas várias formas físicas e culturais sempre esteve presente na história humana. Um olhar retrospectivo sobre a história da humanidade nos mostrará que, permeando os principais eventos que mudaram as feições políticas e culturais do nosso mundo, estavam, as marcas da violência. Atualmente, através dos meios de comunicação, a violência tem se transformado em estratégia de Ibope em noticiários e filmes. Uma rápida memória da última década nos mostrará uma grande profusão de imagens violentas se sucedendo diante de nossos olhos à semelhança de um vídeo-clipe: as guerras, atentados terroristas, os arrastões, as chacinas no Brasil e as cenas de pancadaria em bailes funk e estádios de futebol. Tudo isso sem contar a própria violência institucionalizada das polícias, dos exterminadores de plantão e da exclusão dos benefícios do desenvolvimento sofrida por milhares de seres humanos.
Estamos tão acostumados à violência que ela parece ter-nos anestesiado. Não nos impressiona, por exemplo, o fato de, desde a década de 70, as superproduções do cinema americano estarem ligadas à violência explícita. Dessa forma, sem qualquer peso na consciência (e até com um certo prazer mórbido), as pessoas fazem fila para assistir cenas de serial killers, sem contar os tubarões assassinos, piranhas devoradoras e desastres vários. O desejo ou necessidade de encontrar formas de extravasar a violência tem levado muitos adolescentes e jovens a passarem horas controlando socos, pontapés, tiros e rajadas de metralhadoras em vídeo games.
Até o campo religioso, que parecia não ter sido ainda tão explicitamente contaminado pela violência, tem-se rendido a ela. A chamada “batalha espiritual apregoada por alguns grupos carismáticos tende a se materializar a longo prazo, transformando-se em batalha física. A expressão “guerra santa” aos poucos tem ganhado espaço em nosso vocabulário, fazendo ressurgir o que Mendonça qualificou como “protestantismo guerreiro” . Os novos cânticos religiosos falam de soldados em guerra, anunciam a destruição dos inimigos e, a partir de referenciais bélicos, concebem uma nova eclesiologia: a igreja agora é “exército de Deus”, que marcha sob as ordens de um Cristo militar , pronta para destruir e aniquilar todos que não se convencem a alistar-se nessa milícia. Vivemos uma época em que as paixões religiosas se acham tremendamente excitadas, colocando em risco a caminhada ecumênica.

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Anexo:
violencia_cultura_carlos_eduardo.pdf