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BRASIL, PAÍS DE TODOS?
Ano 2 - Nº 5
Novembro de 2007
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Editorial
 
Vivemos um período histórico de rápidas e profundas transformações que afetam, de modo sensível, os modos pelos quais a vida das sociedades é percebida, experimentada e assumida. Sob a ditadura dos meios de comunicação, notadamente a televisão e, crescentemente, a internet, uma nova visão de mundo e uma outra constelação de valores passam a reger as relações humanas, agora dominadas pela fluidez dissolvente de um individualismo que tende a preencher todos os espaços públicos e tornar quase que impossível a sobrevivência do cidadão. A afirmação do indivíduo como a medida de todas as coisas implica, necessariamente, no não-reconhecimento da existência do outro, de seus direitos e de sua história própria. É a assunção, como verdade absoluta e inescapável, do direito de auto-afirmação em detrimento da vida dos demais. É o adeus à vida comunitária, o mergulho suicida na solidão do ‘eu’ atemorizado, agressivo e perdido em si mesmo.

Esta perspectiva que informa, com clareza ou não, os fundamentos de nossa globalizada sociedade, dita neoliberal, é responsável pelo já insuportável quadro de violência que experimentamos em todas as esferas de vida de nossa realidade social. O bordão propagandístico do atual governo proclama, continuamente, na TV que este é “um país de todos”. Dá a entender que se esforça para que todos tenham as mesmas oportunidades mas também deixa transparecer que cada um é responsável pela sua própria auto-realização. Só não explica como! A contradição entre o discurso oficial e institucional e a realidade social, econômica e cultural que experimentamos, é flagrante tanto na legislação que nos governa como no exercício real dos modos pelos quais a vida está organizada em nossa sociedade. A desigualdade continua sendo a nossa marca histórica O Brasil continua sendo o país de “alguns” e não de “todos”. As mazelas e desumanidades da antiga estrutura colonial continuam presentes, só que agora melhor dissimuladas, justificadas com maior sofisticação e legitimadas de modo mais contundente...

Nesta edição Tempo e Presença traz alguns exemplos atuais de nossa malfadada realidade sociocultural e econômica. Os interesses do capital continuam se impondo... e a luta dos empobrecidos vai ganhando novos contornos...

É isso aí!
 
Publicado em: 14/11/2007