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MEIO AMBIENTE E RELIGIOSIDADE PROTESTANTE
Ano 2 - Nº 6
Janeiro de 2008
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Editorial
 
Chegamos ao final de 2007 com a sexta edição de TEMPO E PRESENÇA oferecendo a seus leitores a discussão de duas temáticas muito distantes entre si, mas que revelam, em sua diferenciação, o conjunto de problemas imensos que ameaçam, tanto prática quanto simbolicamente, a continuidade da vida-com-sentido que todos desejamos.

A questão ambiental, por um lado, e a pergunta acerca do significado atual do Cristianismo Protestante, por outro, nos levam a pensar nos valores que podem garantir o desenvolvimento pleno de nossa existência e que parecem, cada vez mais, postos de lado ou suplantados pelas demandas vorazes de um modo de viver que desconsidera a natureza como nosso habitat essencial e a irmandade humana como nossa condição fundamental. Os sinais dessa triste realidade que caracteriza o conjunto da experiência humana, nestes primeiros anos do novo século, podem ser percebidos em qualquer lugar do planeta.

A sistemática e impiedosa depredação do ambiente natural e os conflitos entre visões diferentes acerca da vida, que separam e opõem os humanos, levando-os aos extremos da guerra, cruenta ou não, continuam a fazer vítimas, especialmente entre os segmentos mais vulneráveis de nossas populações. Precisamente aqueles que constituem a grande maioria dos habitantes de nossas sociedades e que permanecem excluídos dos mecanismos de poder que ordenam a convivência social. Dois exemplos, um internacional e outro nacional, sinalizam para esta situação de desencontro e de imposição da vontade dos mais fortes sobre os mais fracos. Independentemente de juízos de valor que possamos emitir sobre ambos os casos, eles sinalizam esta situação. Referimo-nos à Conferência sobre o Clima, realizada em Bali, na Indonésia, que não conseguiu obter o apoio dos países que mais contribuem para o aquecimento global e a greve de fome do bispo D. Luiz Cappio, em protesto contra o projeto do governo de transposição do rio S. Francisco sem ampla discussão com os principais afetados por essa obra.

No âmbito dos valores simbólicos que estruturam a vida do mundo, em que pesem os esforços ecumênicos entre minorias cristãs e iniciativas de diálogo entre diferentes religiões, observa-se que pouco se tem avançado. Continuam prevalecendo as auto-afirmações em detrimento do diálogo e da cooperação. Reina o absolutismo proselitista que não reconhece ao diferente o direito de ser e permanecer o diferente que é. Atitude esta que se encontra, hoje, agravada com o uso massivo dos mass media, que em nada contribui para o avanço de uma compreensão solidária da vida.

Os articulistas desta edição oferecem algumas reflexões pertinentes sobre esses temas que podem contribuir, significativamente, para a construção de uma outra perspectiva capaz de romper com o imobilismo e o fatalismo que o discurso oficial do poder trata de impor.

É isso aí!
 
Publicado em: 21/12/2007