ano 1    n° 3    maio/junho de 2001
 




Nesse número especial, ampliamos nosso espaço (e nosso atraso) para lhes apresentar o relatório da nossa 1a. OTN-RJ, realizada entre os dias 11 e 13 de maio passado.

A Oficina foi programada para receber quatro representantes de cada uma das oito comunidades negras rurais com que o projeto Egbé – Territórios Negros, de KOINONIA, mantém contato regular no estado do Rio de Janeiro. Infelizmente, por motivos muito variados, três dessas comunidades, Machadinha (Quissamã), São José (Valença) e Ilha da Marambaia (Mangaratiba), não puderam estar presentes. Apesar disso, os trabalhos contaram com 18 representantes de comunidades, 10 homens e 8 mulheres, com idades entre 20 e 75 anos.

O principal objetivo da Oficina foi abrir um espaço para a troca de informações e experiências entre aquelas comunidades. Uma das metas do projeto Egbé – Territórios Negros, é justamente criar as condições para a formação de uma rede regional de apoio a elas. Dois outros objetivos complementares eram: repassar informações sobre as alternativas de regularização fundiária de seus territórios e melhoria de qualidade de vida de suas comunidades; e registrar seus depoimentos para produzir material didático destinado àquelas e a outras comunidades negras rurais que venham se juntar à rede.

Para isso, depois de um jantar de confraternização na sexta-feira à noite, organizamos os trabalhos do sábado na forma de dois painéis. Pela manhã, nos dedicamos a montar a “árvore da memória” de cada comunidade. Cada grupo desenhou uma árvore que deveria simbolizar a história da comunidade. Nas raízes, a origem. No tronco, os principais fatos que marcaram a história da comunidade. Nos galhos, os grupos, as famílias e questões atuais. Finalmente, nos frutos, as suas conquistas. Este foi um exercício extremamente rico. Para além dos conteúdos objetivos recuperados, ele permitiu que as comunidades presentes refletissem sobre sua capacidade de organização e sobre os pontos de contato ou comparáveis entre suas diferentes histórias.

Na parte da tarde, propusemos que cada uma delas voltasse a se reunir para montar o mapa de seu território. Além de recuperar informações geográficas objetivas, a intenção novamente era permitir que os grupos produzissem um diagnóstico sobre sua situação territorial (conquistas, perdas e carências) e as comparassem com a dos outros grupos.

Ao final, no momento de avaliação dos trabalhos, os participantes pareciam misturar à sensação de cansaço, a satisfação por terem respondido com sucesso a um desafio novo para todos. De nossa parte, ficou a tarefa de responder às solicitações formuladas nesse momento. A primeira, de realizar uma nova Oficina, com um número maior de comunidades – todos pareciam muito curiosos sobre isso. A segunda, que nessa Oficina nós dispuséssemos de mais tempo, para um melhor aproveitamento do raro encontro entre elas – laços de amizade pareciam estar se formando.

Esperamos que os leitores possam apreciar um pouco dessa experiência no resumo que apresentamos a seguir.

Nele trazemos pequenos textos de apresentação de cada comunidade, seguidos da descrição dos exercícios de construção da “árvore da memória” e do mapa de cada uma delas. Nos boxes há trechos de alguns depoimentos. Infelizmente não foi possível incluir os desenhos de todas as comunidades.


EXPEDIENTE

REALIZAÇÃO