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VOZES DE ALERTA SOBRE A CRISE...
Ano 9 - Nº 28
Junho de 2015
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Artigo
 
MANIFESTO PÚBLICO DE PASTORAS E PASTORES EVANGÉLICOS PELA MANUTENÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Data: 03/06/2015

“Não acreditamos que a militarização da sociedade, com facilitação e flexibilidade no acesso ao porte de armas, seja uma solução para o problema da violência em nosso país”
Pastoras e pastores evangélicos

“O fruto da Justiça será a paz. E o resultado da paz será a tranquilidade e a segurança para sempre”.

Isaías 32:17

NÓS, PASTORAS E PASTORES EVANGÉLICOS brasileiros, preocupados com o aumento cada vez mais expressivo da violência envolvendo armas de fogo no país, achamos por bem manifestar a nossa contribuição e posicionamento.

O Brasil já é hoje o 11º país com a maior taxa de homicídios no mundo, segundo a organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo o Mapa da Violência de 2014:

  • A taxa do Brasil é de 29 pessoas assassinadas por 100 mil habitantes.  Para além dessa média nacional, estados como Alagoas, por exemplo, tiveram 64,6 pessoas por 100 mil habitantes.
  • 56.337 pessoas foram mortas no Brasil em 2012, o que supera muitos conflitos ao redor do mundo.
  • Ao longo de uma década, nada menos que 556 mil pessoas foram mortas por arma de fogo no país.

Diante disto, expressamos nossa preocupação com algumas das propostas e alternativas que têm sido oferecidas pelo Legislativo brasileiro para lidar com a questão. Entre elas está a proposta do Projeto de Lei 3.722/12, que visa desfigurar o Estatuto do Desarmamento e ampliar o uso das armas de fogo pela sociedade.

Não acreditamos que a militarização da sociedade, com facilitação e flexibilidade no acesso ao porte de armas, seja uma solução para o problema da violência em nosso país. Rejeitamos enfaticamente toda tentativa de construção da paz que se dê pela reprodução dos mecanismos de morte. Cremos que Segurança Pública se faz com políticas públicas que combinem mecanismos de redução e prevenção da violência com garantia de direitos, superação das desigualdades históricas do nosso país, planejamento e gestão da informação, qualificação do aparato de segurança e investimento na juventude.

Por isso, com amor e firmeza, nos posicionamos em defesa da manutenção do ESTATUTO DO DESARMAMENTO no Brasil. Cremos não apenas na sua contribuição como instrumento importante para a redução do número de vítimas letais – fato confirmado pelas pesquisas do IPEA, que aponta queda de 12% no número de homicídios no país ao longo dos seus dez anos, além das históricas quedas nos anos de 2004 (em que entrou em vigor) e 2005 – mas também na sua coerência com o princípio do fomento da Paz, tão importante na mensagem do Cristo e nas palavras dos Evangelhos.

Exigimos, sim, políticas públicas e leis que tenham como prioridade e referência a Paz, a Justiça e a Defesa da vida para todos.