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MILITÂNCIA ECOLÓGICA E LUTA SINDICAL NO CAMPO
Ano 4 - Nº 18
Dezembro de 2009
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Editorial
 
Esta é a quinta e última edição de Tempo & Presença em 2009. Infelizmente, não nos foi possível cumprir o planejamento de, pelo menos, seis edições durante o ano. Sobrecarga de trabalho e dificuldades outras foram as razões, pelo que pedimos desculpas aos nossas fiéis leitoras e leitores.

As questões que envolvem o desenvolvimento das lutas sociais no campo brasileiro constituem o tema central desta edição. Com sua abordagem queremos explicitar uma área de trabalho de Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, que se estrutura a partir de seu Programa “Trabalhadores Rurais e Direitos”. As complexas relações entre as diferentes redes sindicais que representam os diversos interesses dos trabalhadores do campo, a partidarização dos movimentos sindicais, a expansão do agronegócio, o papel das iniciativas governamentais e a quebra do dinamismo dos movimentos sociais no campo são algumas das questões-chave abordadas pelos articulistas desta edição.

Mas tratar do tema das lutas sociais camponesas em tempos de alarmantes mudanças climáticas, especialmente por ocasião da realização da Conferência sobre o Clima em Copenhague (Dinamarca), de 7 a 18 de dezembro, implica, necessariamente, em tratar da justiça econômica e social como inseparável das questões relativas à preservação, recuperação e sustentação da vida do planeta. Neste sentido esta edição oferece, também, algumas reflexões, oriundas do movimento ecumênico, que ressaltam o fato de que não haverá tratamento adequado das questões relativas ao meio-ambiente se não houver radical mudança do modelo socio-econômico de exploração e devastação dos recursos naturais, responsável pela crise ambiental que atravessamos. Pois, como afirma o escritor uruguaio Eduardo Galeano: “A ecologia neutra, que mais se parece à jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo onde a comida saudável, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas privilégios dos poucos que podem pagá-los. Chico Mendes, trabalhador da borracha, foi assassinado em fins de l988, na Amazônia brasileira, por acreditar que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta sindical. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer a reforma agrária no Brasil”.

Esta edição, além de veicular, entre outros textos, a posição oficial do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas face à temática da Mudança Climática, objeto da Conferência de Copenhague, oferece também um texto de natureza sócio-teológica que analisa a emergência de movimentos tradicionalistas no interior da Igreja Católica Romana.

É isso aí, com os nossos melhores votos de um Natal significativo e um Novo Ano de esperanças retemperadas e muitos avanços na promoção da Vida para todos e todas.
 
Publicado em: 19/12/2009