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MILITÂNCIA ECOLÓGICA E LUTA SINDICAL NO CAMPO
Ano 4 - Nº 18
Dezembro de 2009
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Artigos
 
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Do campo e das lavouras: notas sobre sindicalismo rural e seus desdobramentos no território de Itaparica
Este texto é um ensaio curto. O objetivo é discutir duas questões: como as disputas de hegemonia alteram o funcionamento dos aparelhos burocratizados e como os apelos da realidade, sendo mais dinâmicos que as capacidades políticas de instituições tradicionais, fazem com que surjam diversas e divergentes respostas sociopolíticas. Esta interpretação, que se dá em duas partes, opta por duas narrativas, uma novelística, em três capítulos, e um conto. Na primeira se observa como a Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag) alterou-se nestas últimas três décadas, e o que isso pode representar em termos de legitimidade política. Na segunda se observa o que isso tem que ver com o Pólo Sindical dos Trabalhadores Rurais do Submédio São Francisco em termos de enfrentamento para a consolidação da legitimidade política.
“Com governo ninguém pode”: um olhar a partir do Nordeste sobre os desafios para os movimentos sociais do campo
Caminhões a carregar terra fazem 170 viagens por dia, dizem os moradores; detonações na rocha cristalina, predominante no subsolo nordestino, produzem abalos que derrubam forros e racham paredes de casas; um ancião diz não dormir desde que tudo isso começou há quatro meses, passa a noite tossindo por causa da poeira; a escola foi transferida para uma casa apertada e precária; audiências judiciais em inédita rapidez “resolveram” as questões de desapropriação de terras, mas há descontentamento de proprietários e arrependimento de posseiros; os empregos prometidos são por pouco tempo, para os de fora e muito aquém da demanda suscitada; foram destruídas cisternas de placa, construídas em parceria com o governo federal, usadas para captar águas de chuva do telhado das casas, suficientes para consumo humano de uma família de cinco pessoas; empresários da irrigação se animam com a expectativa de expandir seus negócios; todos parecem saber que a água será cara e terão que pagar por ela, mas crêem que o governo vai facilitar as coisas; são raras as vozes críticas e quase nenhuma entidade se preocupa com a população impactada; a igreja católica está omissa ou alinhada a políticos na frente de apoio ao projeto; a impressão geral é de caos, mas a maioria das pessoas está entre resignada, desconfiada e esperançosa... Isto está ocorrendo na comunidade de Quixabinha, município de Mauriti, no Ceará, uma vila remanescente da construção do açude (32 milhões de m3) e do perímetro irrigado (513 hectares) pelo DNOCS – Departamento de Obras Contra a Seca, em 1967. São 83 as famílias já removidas ou a serem removidas de suas casas e roças.
Declaração sobre Ecojustiça e Dívida Ecológica
A época do “consumo ilimitado” alcançou seus limites. A época de benefícios e de compensações ilimitadas destinadas a uns poucos também chegou ao fim. Esta Declaração, baseada numa série de consultas ecumênicas e na contribuição das perspectivas levantadas por muitas igrejas, propõe o reconhecimento e a aplicação de um conceito que expresse a profunda obrigação moral para com a promoção da justiça ecológica, por meio do pagamento de nossas dívidas para com os povos mais atingidos pela destruição ecológica e para com a própria Terra. Esta Declaração começa expressando nossa gratidão a Deus, cujo cuidado providencial se manifesta em toda a criação e na renovação da Terra para todas as espécies. A dívida ecológica inclui difíceis cálculos econômicos assim como as incalculáveis dimensões bíblicas, sociais, culturais e espirituais da dívida.
A Terra está grave!
O planeta está enfermo. E, como nosso próprio organismo quando enfermo, manifesta sintomas para chamar a atenção e reclamar a cura. Sua temperatura corporal aumentou em média 0,74°C nos últimos 100 anos. Em algumas regiões superou 1,5° C. Durante todo o último milênio, a margem de variação da temperatura havia sido de apenas 1°C. Causa principal desta explosão de calor: o aumento descontrolado da emissão de gases de efeito estufa de certas atividades humanas, como a combustão de carvão, petróleo e gás natural, assim como o desflorestamento em grande escala. Principais responsáveis por esta situação: as nações desenvolvidas.
O porvir do passado. O retorno das sensibilidades tradicionalistas e exclusivistas no catolicismo contemporâneo: uma interpretação Begueriana
A comunicação tem como objetivo visualizar, a partir das transformações pelas quais a Igreja Católica passou após o Concílio Vaticano II - com abertura ao diálogo e à alteridade -, o movimento inverso a esta abertura, que se percebe hoje em setores e novas organizações da Igreja: a volta a um estilo de Igreja tradicional, pouco dialogante, exclusivista e afeita, algumas vezes, ao integrismo. O que causa uma nostalgia do passado? Por quais motivos muitas pessoas e movimentos eclesiais têm feito um caminho oposto ao do aggionarmento conciliar, e têm cultivado expressões de fé e espiritualidade fechadas e tradicionalistas? São questões que o presente texto levanta e tenta responder.